Sunday, February 20, 2005

ESTAMOS DE VOLTA

É isso mesmo. Estamos de volta!:)
Quem? Como? Porquê?
Isso é algo que tentarei explicar-te em breves linhas.
Já há vários dias, para não dizer meses, que me aflora no pensamento a ideia de ter um Blog. Mas porquê escrevê-lo? - pensei Eu tantas vezes. Talvez pela relação profunda e cúmplice que sempre tive com a escrita e, que a falta de tempo me fez descuidar. E, simultaneamente, pela necessidade em recriar um espaço que me foi grato durante muitos e bons tempos de faculdade, - o nosso Placard de autocrítica.
Para os que já perceberam o fundamento das minhas palavras, vejo-lhes um sorriso no rosto. Aquele mesmo sorriso matreiro e jocoso que iluminava os corredores daquela Santa Casa, quando liam as alarvidades, ou simplesmente as realidades lá retratadas.
É verdade, esse placard tinha um nome - o Kuomité. Espaço de crítica e reflexão, de alegria e de comunhão, de palavras ideias, manifestos ou pensamentos, ou não fossemos Nós alunos de Letras.
Nele expunhamos as nossas críticas à AE (sendo muitos de nós membros da DAE) e ao CD, à própria Instituição e ao Ministério da Educação.
Com este espaço procurámos criar um fórum de debate, autónomo, livre e recreativo de ideias e objectivos, onde cada um expressava livremente o seu manifesto anti- qualquer coisa, ou colocava simplesmente um elogio à sua Princesa.
Textos de crítica e de análise. Poemas, rábulas e filmes. Tudo lá era retratado e, simultaneamente, criticado. Lembro-me, sim, agora recordo-me dos: Poema à Maria ou Ode à Minha Vanessinha. Textos e poemas que muita tinta e língua afiada fizeram despertar As Almas Caridosas da FLUL(também ele um excelente texto que publicarei posteriormente), provocando muita conversa de casa de banho(leia-se MERDA) e intrigas de corredor.
Que saudades tenho desses tempos idos e saudosos de lutas e disputas de bares e catacumbas, de livros e penumbras. Daqueles tempos em que o dia começava e tardava em acabar, tal era o conjunto de peripécias e festas em que participar.
Festas de Letras:) Quem não se recorda delas? Talvez a maior concentração de hormonas à solta, agarradas a um copo e dançando avidamente por entre corpos molhados e dengosos, perfumados pelo sabor das músicas nocturnas que invadiam o nosso PN- palco de música e de folia, de sexo e de anarquia.
Decididamente, depois de muitas festas universitárias em que participei, - anos me lembro em que não houve uma que faltasse- terei que dar a mão à palmatória, à Luísa, à Sofia, à Ana e a Juliana(a minha amiga Sopinha), e reconhecer que de 98 a 2000 os grandes palcos musicais internacionais eram insignificantes, quando comparados com a abundância e magnitude da espécime feminina de letras.
As Mulheres de Letras! Sempre me fascinaram essas vis devoradoras de carne, essas sanguinárias do Homem de Letras, que de dia eras umas damas, de noite umas loucas(WUma Lady na mesa, Uma Louca na CamaX), sugando e arripilando todo Gaijo Bom que com elas se cruzava.
Ai, se aqueles corredores falassem. Se as mesas das salas ou aquelas casas de banho contassem tudo o que sabem, sobre tudo e sobre todos, teríamos certamente muitas surpresas. Eu, pessoalmente, surpreender-me-ia pouco. Já vi de Tudo (Submissão) um pouco, por entre gabinetes, anfiteatros e outros sítios mais recôndidos da FLUL.
Mas o melhor de todos, o melhor de todos é sem dúvida o cacifo 17 naquela tarde de Karaoke. Ai se este cacifo falasse, e pudesse contar todas as histórias e peripécias malabaristas vividas naquela tarde de Primavera.
Se ele tivesse a capacidade de soltar cá para fora todos os sons que guarda, todos estes anos, no seu seio. Ai, se tu falasses e tudo contasses, teríamos casamentos desfeitos, namoros estragados, noivados rasgados!
Essa sim é a Magia de Letras! A capacidade de recriarmos num mesmo espaço dois mundos tão díspares e que, simultaneamente, são tão harmoniosos entre Si. É a possibilidade de criares um outro EU, de teres uma Vida dupla à frente de todos, para que todos a vejam, mas, contudo, sem que ninguém se aperceba.
Como é isto possível? Simples, fácil e rápido. Para quem conhece(u) bem aquela casa sabe, certamente, que a descrição é sinónimo de ilusão, ou que a euforia está de mão dada com a rebaldaria.
Baldas, baldas e mais baldas, quando mais me baldava, mais Eu namorava. Assim recordo aqueles maravilhosos anos, em que comungando o espírito Grunge e embutido num Clima de Esquerda, provei, comi bebi e repeti os Melhores Manjares que Aquela Casa teve para me oferecer.
E se soube desfrutar. Ai como Eu soube desfrutar, aquele sabor, aquele doce paladar. A menina, a Moça e Mulher, consoante o estatuto que lhe aprouver.
Que lições de vida aprendi, de quantos seios bebi, a Fruta da Vida, a Seiva do Amor, a Joie da Alegria e a Paixão da Dor.
Ah! Se aqueles sofás falassem e tudo contassem. Quantos corpos deitados, de seios desnudados, de ventres suados e de soutiens rasgados. Se as calcinhas falassem, brasileiro ou português, quantos de nós teríamos, repetido outra vez.
Seria licenciado, professor, ou Doutorado, talvez um dia quem sabe, Se voltar àquela casa, a sentir aquele perfume a ecoarme nas veias, se absorver aquela música em minhas entranhas, se tantos ses se voltarem a verificar talvez ainda seja tempo de voltar. Voltar a encontrar, voltar a desbravar, a sentir e a rasgar aquele perfume de Além Mar(ulher).